Londres, domingo, 12 de agosto de 2012.
Disputa de ouro no vôlei masculino nos Jogos Olímpicos de 2012.
Dois sets a zero a favor dos brasileiros no placar.
Terceiro set: Brasil 24, Rússia 21.
Primeiro match and golden medal point (ponto da partida e da medalha de ouro) para o Brasil.
A história do vôlei brasileiro em Londres, enriquecida na véspera com o belíssimo capítulo da conquista do ouro pelo feminino, uma medalha que transformou o genial técnico José Roberto Guimarães no primeiro tricampeão olímpico do país (uma vez como treinador do masculino e duas do feminino), dava quase todos os sinais de que terminaria, como um conto de fadas, com a segunda ida ao ponto mais alto do pódio.
Pois é, quase todos os sinais...
Até que veio a virada tática inacreditável do treinador russo Vladimir Alekno, que recuou o central gigante Dmitriy Muserskiy, com seus dois metros e dezoito centímetros, tornando-lhe um atacante oposto, correndo o risco de perder força na defesa, e colocou o seu oposto, o craque Maxim Mikhaylov, na posição de ponteiro passador.
E aí... Alekno, Mikhaylov e, sobretudo, o grandalhão Muserskiy destruíram o jogo.
Muserskiy, que tinha feito cinco pontos como central, somou mais 26 na nova posição e terminou a partida com inacreditáveis 31 pontos. Um de saque, dois de bloqueio e 28 de ataque.
Sozinho, o grandalhão deu um set (25 pontos) e mais quase a metade de um tie break (seis pontos) para a sua seleção.
Mikhaylov fez mais 17 pontos (16 ataques e um bloqueio).
Bom, assim está explicado de onde veio o poder da virada russa.
Eles evitaram aquele primeiro match point do Brasil, anularam também o segundo, venceram o terceiro set por 29 a 27, o quarto por 25 a 22 e o quinto, no tie break, por 15 a 9.
Rússia 3, Brasil 2. Ouro para os russos, prata para o Brasil.
Medalha de ouro merecida para a Rússia, a primeira no vôlei masculino depois da separação dos países que formavam a União Soviética.
Uma vitória marcada pela ousadia do técnico russo Alekno, que não teve medo de mudar radicalmente sua equipe em plena final olímpica, contando para isso com a força e o talento de seus comandados.
Mas o técnico Bernardo Resende e seus comandados não devem, de forma alguma, voltar para casa com a cabeça baixa ou sentimento de vergonha.
Foi de virada? Foi sim.
Mas isso acontece no esporte quando duas equipes equilibradas se encontram.
E, tenham certeza, a Rússia, a exemplo do Brasil, é um timaço. Mikhaylov foi eleito mais de uma vez o melhor jogador da Europa e o grandalhão Muserskiy, esse, bem... o que é preciso dizer sobre um camarada que faz 31 pontos numa final olímpica contra um time do quilate, da história e do passado do Brasil?
Pelo lado brasileiro, Wallace também foi um monstro: com seus 27 pontos, 23 deles de ataque, um de ace e dois de bloqueio.
Murilo, com seus 18 pontos (16 de ataque e dois de bloqueio) também foi muito bem.
A Seleção Brasileira Masculina de Vôlei perdeu vários jogadores por contusão, teve seu trabalho dificultado por problemas de agenda e queda de rendimento de jogadores, mas soube superar tudo isso e cresceu dentro da competição.
No início dos Jogos, muitos especialistas de respeito apostavam, até com alguma razão, que ela não chegaria sequer às semifinais e, consequentemente, ao pódio.
Mas Bernardo e seus meninos passaram por tudo isso, fizeram uma grande campanha e levaram a prata.
Perderam do ouro com muita dor e uma virada espetacular, é verdade.
Mas, ao contrário da prata perdida de forma ridícula para os mexicanos no futebol, essa aqui, do vôlei, veio banhada também de dignidade, valentia e brio.
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